quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Mensagem de Natal de S.M. o Rei

Boa noite.

Quero expressar a todos minha cordial felicitação neste Natal, desejar um feliz Ano Novo e compartilhar com vocês minhas reflexões sobre o que estamos acabando e minhas convicções sobre nosso futuro em comum.

Espanha continua sofrendo os efeitos de uma crise econômica e financeira de uma duração e magnitude desconhecidas na história recente da União Européia, com efeitos muito negativos sobre as pessoas, as famílias e as empresas.

Quero, por isso, começar minhas palavras com uma saudação especialmente afetuosas aqueles a quem com mais dureza está golpeando esta crise: aos que não tiveram podido encontrar trabalho ou tenha perdido durante o ano que vai terminar; aos que por circunstâncias diversas não poderão dispor de uma habitação; aos jovens que não tem podido canalizar todavia vossa vida profissional; a todos que tem suportado tão duros sacrifícios com coragem, e a quem lutas com vossos melhores esforços para fazer realidade vossas legítimas aspirações.

Saúdo também a quem está aportando o melhor de vossa criatividade e de vosso talento para superar as dificuldades. Penso em particular em todos os empreendedores; na pequena e média empresa que sustenta o tecido produtivo da Nação; nos trabalhadores autônomos; nos imigrantes, cuja aportação hoje há que agradecer sem reservas; nos servidores públicos; em quem está trabalhando fora da Espanha.

E penso em vocês, as pessoas idosas, os pensionistas, que estão sendo o suporte de muitas economias familiares. Obrigada por vossa ajuda. É extraordinária a força da família na Espanha, e fundamental o papel que estão tocando nesta grave crise. Obrigada também a sociedade civil que há demonstrado uma solidariedade verdadeiramente exemplar para atender a milhões de pessoas em graves dificuldades. Obrigado, em definitivo, ao conjunto dos cidadãos por vosso exemplo de responsabilidade e de civismo em tempos certamente difíceis.

Permita-me dedicar uma recordação muito especial e emocionado as vítimas do terrorismo, com as que a sociedade segue tendo uma permanente dívida de gratidão. Umas pessoas e umas famílias que durante décadas sofreram cruelmente a violência e o terror de uns crimes totalitários. Sei que estão passando momentos especialmente difíceis.

Hoje, como antes e como sempre, quero compartilhar vossa dor com renovada solidariedade e expressar todo meu apoio.

É indiscutível que a crise econômica que sofre a Espanha há provocado desanimo nos cidadãos, e que a dificuldade para alcançar soluções rápidas, assim como os casos de falta de exemplaridade na vida pública, há afetado ao prestígio da política e as instituições.

Sei que a sociedade espanhola reclama hoje uma profunda mudança de atitude e um compromisso ético em todos os âmbitos da vida política, econômica e social que satisfaça as exigências imprescindíveis em uma democracia. É verdade que há vezes em nossa sociedade que querem uma atualização dos acordos de convivência.

Estou convencido de que todas estas questões se poderão resolver com realismo, com esforço, com um funcionamento correto do Estado de Direito e com a generosidade das forças políticas e sociais representativas.

Realismo para reconhecer que a saúde moral de uma sociedade se define pelo nível do comportamento ético de cada um de seus cidadãos, começando por seus dirigentes, já que todos somos co-responsáveis do definir coletivo.

Esforço para que a economia confirme os índices de recuperação que estão começando a ver e que tem que ser ainda mais sólidos, porque não podemos aceitar como normal a angustia dos milhões de espanhóis que não podem trabalhar. Para mim, a crise começará a resolver-se quando os parados tenham oportunidade de trabalhar.

Funcionamento do Estado de Direito para que a exemplaridade presidida das instituições, para que se cumpram e façam cumprir a Constituição e as leis, e para que as diferenças e as controvérsias se resolvam com arranjo as regras de jogo democráticas aprovadas por todos.O respeito dessas regras é a garantia de nossa convivência e a fortaleza de nossa democracia. Esta é uma verdade inquestionável que devemos ter muito em conta.

E, como sempre, generosidade para saber ceder quando é preciso, para compreender as razões do outro e para fazer do diálogo o método prioritário e mais eficaz de solução dos problemas coletivos.

Minha posição me permitiu viver as múltiplas peripécias pelos que há atravessado a Espanha, a que há dedicado minha vida. Ha visto momentos maus e bons e sempre vemos sabido os espanhóis sair juntos dos maus e construir os bons.

Com essa experiência, posso dizer que o sistema política que nasceu com a Constituição de 1978 nos proporcionou o período mais dilatado de liberdade, convivência e prosperidade de toda nossa história e de reconhecimento efetivo da diversidade que compõe nossa realidade, Convém que o tenhamos bem presente, pois frequentemente se pretende que o ignoremos ou esquecemos quando se proclama uma suposta decadência de nossa sociedade e de nossas instituições.


© Casa de S.M. el Rey / Borja Fotógrafos

© Casa de S.M. el Rey / Borja Fotógrafos

© Casa de S.M. el Rey / Borja Fotógrafos

© Casa de S.M. el Rey / Borja Fotógrafos


Reivindicar essa realização histórica não é incompatível com reconhecer, como acabo de destacar, a necessidade de melhorar em muitos aspectos a qualidade de nossa democracia.

Essa crucial tarefa de modernização e regeneração não é competência exclusiva dos responsáveis políticos. Também é dos agentes econômicos e sociais e da sociedade em seu conjunto através de suas estruturas organizativas.

Durante muitos anos, juntos temos caminhado na construção de nossa democracia, juntos temos resolvido problemas não mais fáceis que os que hoje enfrentamos, e sempre com a ambição de chegar a um objetivo comum.

Pois bem, juntos devemos seguir construindo nosso futuro porque nos unem e nos devem seguir unindo muitíssimas coisas:

Nos une a ânsia de assegurar um por vir sólido, justo e cheio de oportunidades.

Nos unem a intensidade dos afetos e laços históricos, as culturas que compartilhamos, a convivência de nossas línguas, a aceitação do diferente.

Nos une a extraordinária riqueza de um país diverso, de culturas e sensibilidades distintas.

Nos une a solidariedade que sempre demonstramos diante das grandes adversidades, diante das desigualdades sociais e territoriais, diante das necessidades de nossos vizinhos.

E nos une e nos deve seguir unindo o sentimento de comunidade que recentemente expressava o Príncipe de Astúrias: Espanha é uma grande Nação que vale a pena viver e querer, e pela que merece a pena lutar.

A Coroa promove e alenta esse modelo de nação. Crê em um país livre, justo e unido dentro de sua diversidade. Crê nessa Espanha aberta na que cabemos todos. E crê que essa Espanha é a que entre todos devemos seguir construindo.

Assim, convido as forças políticas a que, sem renunciar a suas ideias, superem suas diferenças para chegar a acordos que beneficiem a todos e que façam possíveis as reformas necessárias para enfrentar um futuro marcado pela prosperidade, a justiça e a igualdade de oportunidades para todos.

Convido aos líderes políticos e aos agentes sociais a que exercem sua liderança e combatam o conformismo, o desânimo e o vitimismo.

Convido a comunidade intelectual a ser intérprete das mudanças que se estão produzindo e a ser guia do novo mundo que está emergindo na ordem geopolítico, econômico, social e cultural.

Convido as instituições públicas, aos empresários e investidores que apostem decididamente pela investigação e a inovação, para melhorar a competitividade e contribuir assim a criação de emprego.

E os convido a todos a recuperar a confiança em nós mesmos e em nossas possibilidades para fazer realidade nossos melhores anseios como espanhóis.

Esta noite, ao dirigir esta mensagem, quero transmitir como Rei da Espanha:

Em primeiro lugar, minha determinação de continuar estimulando a convivência cívica, no desempenho fiel do mandato e as competências que me atribui a ordem institucional, de acordo com os princípios e valores que há imposto nosso progresso como sociedade.

E, em segundo lugar, a segurança de que assumo as exigências de exemplaridade e transparência que hoje reclama a sociedade.

Finalmente, ao despedir-me, quero agradecer aos generosos testemunhos de alento que recebi ao longo deste ano, desejando que está Noite boa seja uma oportunidade para o reencontro familiar e que em 2014 se cumpram as melhores esperanças de todos.

De novo, Feliz Natal e boa noite.

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