quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Mensagem de Natal de S.M. o Rei

Para comemorar o Natal, o Rei Felipe VI realizou o tradicional discurso de Natal, que realiza todos os anos no dia 24 de dezembro.


"Boa noite.

Quero, em primeiro lugar, agradeço por abrir vossas casas nesta Noite Boa. Um momento que é, sobretudo, de aproximação e de reencontro; um momento para aproximar-nos, para olhar-nos com a vontade e o desejo de entender, para transmitir as pessoas que nos rodeiam nossos melhores sentimentos de afeto, de paz e de alegria.

Hoje quero estar ao vosso lado par compartilhar -na primeira mensagem de Natal que os dirijo-, umas reflexões sobre nosso futuro, com o olhar posto, com confiança no ano de 2015.

Estamos vivendo tempos complexos e difíceis para muitos cidadãos e para a Espanha em geral. A dureza e duração da crise econômica produz em muitas famílias incerteza pelo futuro; a importância de alguns de nossos problemas políticas gera inquietude; e as condutas que se aleijam do comportamento que cabe esperar de um servidor público, provocam, com toda razão, indignação e desencanto.

Os problemas que mencionaram deram lugar a uma séria preocupação social. No entanto, não devemos deixar-nos vencer pelo pessimismo, o mal estar social, ou o desânimo; mas afrontar com firmeza e eficacia das causas desses problemas, resolvê-los e recuperam o sossego e a serenidade que requer e merece uma sociedade democrática com a nossa.

No passado mês de outubro afirmei em Astúrias que necessitávamos referências morais as que admirar princípios éticos que reconhecem, valores cívicos que preservar. Dizia, então, que necessitávamos um grande impulso moral coletivo.  E quero destacar agora que necessitamos uma profunda regeneração de nossa vida coletiva. E nessa tarefa, a luta contra a corrupção é um objetivo irrenunciável.

É certo que os responsáveis dessas condutas irregulares estão respondendo delas; isso é uma prova do funcionamento de nosso Estado de Direito. Como é verdade também a grande maioria dos servidores públicos desempenham suas tarefas com honradez e vontade de servir os interesses gerais.

Mais é necessário -também e sobretudo- evitar que essas condutas fazem raízes em nossa sociedade e se possam reproduzir no futuro. Os cidadãos necessitam estar seguros de que o dinheiro público se administra para os fins legalmente previstos; que não existem tratos de favor por ocupar uma responsabilidade pública; que desempenhar um cargo público não seja um meio para aproveitar-se ou enriquecer; que não se empenhe nosso prestígio e boa imagem no mundo.

Poucos temas como este suscitam uma opinião tão unanime. Devemos cortar pela raiz e sem contemplações a corrupção. A honestidade dos servidores públicos é um pilar básico de nossa convivência em uma Espanha que todos queremos sã, limpa.

Também quero falar da situação econômica, porque continua sendo um motivo de grave preocupação para todos. Os índices de desemprego são todavia inaceitáveis e frustram as expectativas de nossos jovens e de muitos mais homens e mulheres que levam tempo no páreo. É certo que nossas empresas são ponteiras em muitos setores em todo o mundo; mais também o é que nossa economia não tem sido capaz, todavia, de resolver de maneira definitiva este desequilíbrio fundamental.

Não obstante, é um feito -muito positivo- que as principais magnitudes macroeconômicas estão melhorando e que temos recuperado o crescimento econômico e a criação de emprego. Estes dados são uma base nova para a esperança de que, no futuro, possam gerar de forma sustentável muitos mais empregos e, especialmente, empregos de qualidade.

É evidente, por tanto, que a luta contra o desemprego deve continuar sendo nossa grande prioridade. O sacrifício e o esforço dos cidadãos durante toda a crise econômica exige que os agentes políticos, econômicos e sociais trabalhem unidos permanentemente nesta direção, antepondo só o interesse da cidadania. Porque a economia deve estar sempre ao serviço das pessoas.

Por isso, devemos proteger especialmente das pessoas mais desfavorecidas e vulneráveis. E para isso devemos seguir garantido nosso Estado de Bem Estar, que tem sido durante estes anos de crise o suporte de nossa coesão social, junto as famílias e as associações e movimentos solidários. Algo do que devemos realmente sentirmos orgulhosos.

Quero referir-me agora também a situação que se vive atualmente na Catalunha.

O povo espanhol, no exercício de sua soberania nacional, ratificou mediante referendo a Constituição de 1978, que proclamou nossa unidade histórica e política e reconheceu o direito de todos a sentir-se e ser respeitados em sua própria personalidade, em sua cultura, tradições, línguas e instituições.

© Casa de S.M. el Rey / Borja Fotógrafos

© Casa de S.M. el Rey / Borja Fotógrafos

© Casa de S.M. el Rey / Borja Fotógrafos

© Casa de S.M. el Rey / Borja Fotógrafos

© Casa de S.M. el Rey / Borja Fotógrafos

© Casa de S.M. el Rey / Borja Fotógrafos

© Casa de S.M. el Rey / Borja Fotógrafos

© Casa de S.M. el Rey / Borja Fotógrafos

Baixo esse espírito constitucional, temos convivido estes anos. Cada Comunidade, cada povo e território da Espanha, cada cidadão, aportaram o melhor de si mesmo em benefício de todos. E sen dúvida, desde a Catalunha, se contribuíram  a estabilidade política de toda a Espanha e ao seu progresso econômico.

É evidente que todos nós necessitamos. Formamos parte de um tronco comum do que somos complementários os uns dos outros mais imprescindíveis para o progresso econômico.

Mais não se trata só de economia ou de interesse mas também e sobretudo, de sentimentos.

Milhões de espanhóis levam, levamos, a Catalunha no coração. Como também para milhões de catalães os demais espanhóis formam parte de seu próprio ser. Por isso me dói e me preocupa que se possam produzir fraturas emocionais, desafetos ou rejeições entre famílias, amigos ou cidadãos. Ninguém na Espanha de hoje é adversário de ninguém.

E o que faz da Espanha uma nação com uma força única, é a suma de nossas diferenças que devemos compreender e respeitar e que sempre nos devem acercar e nunca distanciar. Porque tudo o que temos alcançado juntos nasce da força da união. E a força dessa unidade é a que nos permitirá chegar mais longe e melhor em um mundo que não aceita nem a debilidade nem a divisão das sociedades, e que caminha até uma maior integração.

Os desencontros não se resolvem com rupturas emocionais ou sentimentais. Façamos todos um esforço leal e sincero, e reencontremos no que nunca deveríamos perder: os efeitos mútuos e os sentimentos que compartilhamos. Respeitemos a Constituição que é a garantia de uma convivência democrática, ordenada, em paz e liberdade. E seguimos construindo todos juntos um projeto que respeite nossa pluralidade e gere ilusão e confiança no futuro.

Porque necessitamos, também, ilusão e confiança.

No mês de junho passado, Espanha se deu a si mesma e ao mundo um exemplo de seriedade e dignidade no desenvolvimento do processo de abdicação de meu pai o Rei Juan Carlos e de minha proclamação como Rei; tudo de acordo com nossa Constituição. E ao longo deste últimos meses me odiei de vosso respeito, afeto e carinho. Sinceramente, me senti querido e apreciado e os agradeço de coração. E tenho que dizer também que vi ilusão em muitos de vós, em vossos olhares, em vossas palavras, diante do inicio de uma nova época em nossa história.

É certo que vivemos tempos complexos e difíceis. Sem dúvida. Mais são também tempos que devemos afrontar com responsabilidade, com ilusão e espírito renovador. Tempos novos que se projetam em todos os âmbitos de nossa vida coletiva e individual. E agora nos corresponde aos espanhóis de hoje continuar a tarefa de lavrar nosso melhor futuro; que começa já, que começou já.

Afortunadamente, não partimos do zero, nem muito menos, e, por isso, não devemos esquecer o que temos conseguido juntos com grandes esforços e sacrifícios, geração após geração; que é muito e o que devemos valorizar com orgulho.

Ainda que também tenhamos a responsabilidade de corrigir as falhas e melhoras acrescentar os ativos da Espanha de hoje, com a vista posta em um futuro que nos pertence a todos os espanhóis.

Somos uma democracia consolidada. Desfrutamos de uma estabilidade política como nunca antes em nossa história. Nosso marco constitucional nos permitiu a alternância política baseada em umas eleições livres e democráticas. Somos, além, uma nação respeitada e apreciada no mundo e com uma profunda vocação universal, imprescindível para promover nossa cultura e defender nossos interesses em um mundo global. Hoje, mais que nunca, somos parte fundamental de um projeto europeu que nos faz mais fortes, mais competitivos e mais protagonistas de um futuro de integração.

Como disse em meu discurso de proclamação, todo tempo político tem seus próprios caminhos. Devemos seguir avançando em nossa convivência política, passo a passo, adaptando-a as necessidades de nosso tempo. Por ao dia e atualizar o funcionamento de nossa sociedade democrática e conseguir que os cidadãos recuperem sua confiança nas instituições. Umas instituições com vigor e vitalidade, que possam sentir como suas.

Não quero terminar minhas palavras sem transmitir uma mensagem de esperança.

Regenerar nossa vida política, recuperar a confiança dos cidadãos em suas instituições, garantir nosso Estado de Bem Estar e preservar nossa unidade desde a pluralidade são nossos grandes caminhos. Não são tarefas simples. Não são caminhos fáceis. Mais os vamos a superar, sem dúvida; estou convencido dele. Temos a capacidade e coragem de sobra. Temos também o desejo e a vontade. E temos de somar, além da confiança em nós mesmos.

Essa é a chave de nossa esperança no futuro. A chave para recuperar o orgulho de nossa consciência nacional: a de uma Espanha moderna, de profundas convicções democráticas, diversas, aberta ao mundo, solidária, potente e com impulso. Com esse mesmo impulso e com o exemplo com o que vós afrontam vosso dia a dia lutando diante das adversidades tentando progredir, procurando melhorar honestamente vossa vida e a de vossas famílias. E aí estarei sempre a vosso lado como o primeiro servidor dos espanhóis.

Obrigada novamente por escutar-me esta note e muitíssimas felicidades da Rainha, da Princesa de Astúrias e da Infanta Sofía.

Feliz Navidad, Eguberri on, Bon Nadal, Boas Festas.

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